domingo, 30 de outubro de 2011

O escritor...

O tempo passa...

Passa e leva as coisas que eram importantes para nós...

Nos tempos de eu menino, eu sentava alegre aos pés do pai e ouvia o som das rimas de cordel que ele trazia da rua...

Ficava fascinado...

“Como alguém consegue brincar com as palavras desse jeito? Como alguém consegue fazer as próprias palavras cantarem dessa forma?”

Foi pensando assim que descobri algo que o tempo não levaria de mim...

O Escritor...

Meu banho é demorado,
Não por luxúria, não.
Aprendi com um velho mago...
É que sozinho, lá eu penso...
Avôo longe, vou ligêro...
Vô com o vento
É na velocidade do pensamento
Que eu fecho os zói pro vidro opaco
E abro longe... Lá no mato.
Lá nos tempo de eu molequinho...
Deus do céu, matei tanto passarinho...
Lá, onde na noitinha, eu levava cada menininha
E às falava.
“Pica-Pau pica a madeira por amor...
E com carinho, na madeira nem dói nada
Em você... Meu benzinho
Vai doer só um pouquinho”
Mamãe, bruta, nem sabia quase nada que eu fazia
Mandava Vera ir me buscar.
Mamãe também nada sabia.
Vera não fazia só limpar
Foi ela quem me ensinou
O que fazer, onde pegar.
Vera que me ensinou tudo que tinha pra ensinar,
Mas Vera foi embora
Me deixou sem ter com quem falar,
Mas também, por essas hora.
Eu já sabia conversar.
As menininha, já mulerzinha.
Tinha mais nada pra reclamar.
Descobri que era fácil,
Uma palavra aqui outra acolá...
Um beijo aqui, minha mão lá...
Era só saber a hora do pino puxar...
A menina se assendia, se tremia...
Em cima de mim ela se explodia....
Era cada coisa que elas fazia...
Sério, se não fosse comigo..
Nem eu acreditaria...
E desse jeito eu fui crescendo, me espichando.
Sem comando, mais que o cão, danado...
Meu Deus do céu, eu era o Diabo...
Mas eu sempre fui muito amado,
Na escola, que eu nem ia.
Os professor sempre dizia:
“Eita Diacho, menino desse, pobre, feio
Burro e Fraco, da até pra se dizer,
Esse ai, vai ser nadinha quando crescer,
Mas, talvez, ele até faça algo pra nóis ler.
Escreve bem o desgraçado,
Da é gosto de se ver”.

sábado, 29 de outubro de 2011

Era uma Vez...

“Odeio começar a escrever com ‘Era uma vez’, não acho que prende a atenção dos leitores com eficiência, mas bem, como não tenho criatividade pra começar de outro jeito...”

Era uma vez...

“Aposto que agora prendi sua atenção”

Era uma vez, Caio, um garoto muito bonito, alto, forte... Era o tipo de cara que toda menininha sonha pra marido, ele era saudável, deixara de beber há muito, sabia que aquilo, embora bom, lhe causava danos;

Nunca fumou sequer um cigarro, prezava pela saúde de seus pulmões...

Aos 20 anos passou a se alimentar com uma dieta rica em frutas, verduras, passou a comer cada vez menos carne, e, embora, fosse um grande fã de churrasco, passou a comer apenas carnes brancas devido ao seu baixo teor de gorduras e alto valor energético.

Caio, prefere se refrescar com água pura à qualquer outro liquido, o açúcar nos refrigerantes e refrescos poderiam quebrar sua dieta, elevar seu peso, fazê-lo perder seu abdômen definido...

Caio também não saia com mulheres com freqüência, embora muito desejado por sua estatura e beleza construída com muito esforço durante quatro anos ininterruptos de academia, tinha medo que uma mulher quebra-se sua rotina de exercícios diários, pensava: “E se eu acordar cansado amanhã? Melhor não!” a verdade é que no fundo Caio se achava bom demais pra qualquer uma que cruza-se seu caminho, em sua opinião mais sincera, caio achava que nunca conhecera uma mulher boa o suficiente para tê-lo para si.

Esse foi o estilo de vida que Caio escolheu, um estilo saudável, viveria bem até os 80 anos, não sofreria com doenças como gastrite, câncer, herpes e etc.

Do outro lado da cidade, Marco, um garoto comum, nem feio nem belo, nem inteligente nem burro...

Marco se orgulhava de não ser ruim em nada, entretanto também não era bom em coisa alguma, era sempre um meio termo que o definia...

Marco era danado e infantil, roubava galinhas pela adrenalina da fuga, depois as dava a quem precisasse de alimento, se sentia um Robin Hood no Maranhão.

Marco era muito diferente de Caio, Marco comia o que lhe dava vontade, tinha preferência pela gordura que escorria da picanha em cima da churrasqueira, bebia, no mínimo, um litro de Coca-Cola por dia, além de não falhar a uma cervejinha nos finais de semana e, as vezes, quando estava muito nervoso, fumava um ou dois cigarros antes de dormir...

Marco, nunca pôs os pés em uma academia, nem em sonho ele pagaria pra fazer esforço.

Marco tinha um verdadeiro ódio de nutricionistas, não agüentava a mania que nutricionista tem de dizer que todas as melhores comidas são ruins pra saúde.

Esses eram Caio e Marco...

Caio logo conseguiu um contrato com uma firma de modelagem...

Marco seguiu com os negócios do pai, que era um bom administrador, mas nunca chegou aos pés do filho.

Caio, num dia de semana, ninguém se lembra ao certo qual, foi atingido por um motorista imprudente, levado ao hospital e lá morreu aos 23 anos.

Marco morreu na manhã do seu 81º aniversário, uma terça-feira,cercado por seus filhos, netos e um bisneto de nome igual ao seu, estivera doente nos últimos meses e ter morrido no dia do seu aniversário foi uma feliz coincidência aos seus olhos, não queria ir embora com a idéia de quase ter chegado aos 81.

Caio foi levado pelo acaso, e pelo o acaso que Marco ficou tanto tempo vivo.

Caio deveria ter vivido mais, sim.

Mas a que preço? Placas de se alimente bem, não corra, não fume, já disse o poeta, são facas de dois gumes...

Fazem-te viver mais, sim, mais tempo, porém levam toda a intensidade de sua existência te fazendo viver menos, bem menos.

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